Este é o problema de todos os buscadores espirituais: mais cedo ou mais tarde a mente começa a fazer truques.
Alguém perceberá luzes, alguém começará a escutar sons, alguém começará a experimentar algo mais, e o ego diz: “Isso é fantástico, está acontecendo somente comigo. Isso é raro. Sou especial, por isso está acontecendo comigo.” E você começa a cooperar.
Não preste muita atenção a isso, simplesmente deixe-o de lado! Você precisa ficar completamente vazio. A única experiência espiritual digna de ser chamada de espiritual é a experiência do nada, do vazio, do que os sufis chamam de fana, o desaparecimento do ego. Essa é a única experiência espiritual, e tudo o mais são apenas jogos da mente. A mente pode criar muitas coisas; ela pode começar a alucinar, pode ter visões, pode ver Cristo ou Buda. A mente tem a capacidade de sonhar – mesmo com os olhos abertos, ela pode sonhar. Quando você vê Jesus à sua frente, como não acreditar? E não existe nenhum Jesus à sua frente – é sua projeção.
É por isso que muitos mestres têm um ditado: “Se você encontrar o Buda na rua, mate-o!” Eles estão absolutamente certos. Sou como um sacrilégio, como um desrespeito dizer que você deveria matar Buda se o encontrar, mas é verdade. Você encontrará ao longo do caminho, ou Jesus, ou Maomé – esse não é o ponto –; você se deparará com qualquer coisa a que você foi condicionado desde sua infância. Grandes mestres espirituais e lamas tibetanos aparecerão, e você considerará que algo grandioso está acontecendo. E você encontrará tolos apreciando-o, e eles dirão: “Seu status está crescendo a cada dia que passa; você está atingindo patamares mais elevados.” Não lhes dê ouvidos.