O mundo é vasto, e os seres humanos são impotentes. É difícil, muito difícil, mas, uma vez aceito o sofrimento humano básico, você ficará absolutamente sereno.
É mais fácil aceitar a própria infelicidade do que a infelicidade de uma outra pessoa. É possível aceitar o sofrimento de alguém, mas a infelicidade de uma criança – inocente, impotente, sofrendo sem razão alguma, sem poder retaliar, sem nem mesmo poder protestar ou se defender – parece tão injusta, tão feia e horrível que fica difícil aceitar.
Lembre-se de que não somente a criança é impotente, você também é. Uma vez entendida sua própria impotência, a aceitação seguirá como uma sombra. O que você pode fazer? Você também é impotente. Não estou dizendo para ficar duro como uma pedra. Sim, mas saiba que você é impotente. O mundo é vasto, e os seres humanos são impotentes. No máximo, podemos sentir compaixão. E, mesmo se fizermos algo, não existe certeza de que o nosso fazer irá ajudar – ele pode causar até mais infelicidade.
Assim, não estou dizendo para perder sua compaixão. Perca somente o seu julgamento de que o sofrimento humano está errado. E, abandonando a ideia de que precisa fazer algo a respeito, porque, quando o fazedor entra, perde-se a testemunha. A compaixão é boa, e a impotência também é boa. Chore, não há nada de errado nisso. Deixe as lágrimas rolarem, mas permita-as sabendo que você também é impotente, e é por isso que está chorando. A própria ideia de que podemos fazer alguma mudança é muito egocêntrica, e o ego perturba as coisas. Assim, abandone esse ego e apenas observe.