Quando uso a palavra ignorância, não a uso em um sentido negativo - não quero dizer ausência de conhecimento. Quero dizer algo muito básico, muito presente, muito positivo. Ela é como somos. É próprio da natureza da existência permanecer misteriosa, e por isso ela é tão bela.
Todo conhecimento é supérfluo. O conhecimento como tal é supérfluo. E todo conhecimento somente cria uma ilusão de que sabemos, mas não sabemos. Você pode viver com alguém por toda a sua vida e achar que conhece a pessoa, mas não a conhece. Você pode dar à luz uma criança e achar que a conhece, mas não a conhece.
Tudo o que achamos que conhecemos é muito ilusório. Alguém pergunta: "O que é água?", e você responde: "H?O." Você está simplesmente fazendo um jogo. Isso não é saber o que a água é, ou o que o H e o O são. Você está apenas rotulando. Alguém pergunta o que é esse H, esse hidrogênio, e você fala de moléculas, de átomos, de elétrons, mas novamente está dando nomes. O mistério não é solvido, mas somente adiado, e, no final, ainda existe uma imensa ignorância. No começo não sabíamos o que era a água; agora não sabemos o que é o elétron; portanto, não chegamos a conhecimento algum.
Fizemos um jogo de dar nome a coisas, de categorizar, mas a vida permanece um mistério. A ignorância é tão profunda e tão completa que não pode ser destruída. E, quando você entender isso, você poderá descansar. Ela é tão bela, tão relaxante... porque, então, não há para onde ir, nada há para saber, porque nada pode ser sabido. A ignorância é completa, imensa e vasta.