A questão real é apenas uma cápsula na qual a resposta está oculta, uma dura concha que protege a delicada resposta interna. Ela é uma crosta que envolve uma semente.
Entre cem questões, 99 são lixo, e, por causa dessas 99, você não consegue perguntar a questão realmente valiosa. Como essas 99 bradam à sua volta, gritam e são muito barulhentas, elas não permitem que a questão real surja em você. A questão real tem uma voz muito silenciosa, serena e tênue, e essas irreais são grandes simuladoras. Por causa delas, você não pode perguntar a questão certa e não pode encontrar a resposta certa.
Assim, é um grande discernimento conhecer o lixo como lixo. Então ele começa a sair de suas mãos, porque você não pode segurá-lo por muito tempo se você sabe que ele é lixo. A própria compreensão de que ele é lixo é suficiente para que as suas mãos comecem a ficar vazias, e, quando elas estiverem vazias do lixo, sobrará somente uma: a questão real.
E a beleza é que, se somente sobrar a questão real, a resposta não estará distante. Ela está dentro da questão. O próprio centro da questão é a resposta.